Em maio de 2024, ocorreu a exibição e o debate do documentário “Territórios de Fé: Resistência aos Fundamentalismos”, no Ilê Axé Ayabá Omi, Terreiro Salinas, localizado em Pernambuco. O terreiro é uma das comunidades retratadas no documentário, que denuncia os fundamentalismos religiosos e ressalta as lutas e resistências do povo de santo em quatro estados brasileiros. Além de Pernambuco, o filme nos leva a conhecer o Axé Abassá de Ogum, na Bahia; o Ilé Àse Ará Òrun Iyáàgbá Jiyà (Jardim das ervas sagradas), no Rio de Janeiro; e o Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango, em Minas Gerais. O evento integrou a circulação do documentário, que já havia sido exibido na Bahia e seguiu circulando por outros territórios envolvidos na produção. A atividade contou com a participação de 41 pessoas, em sua maioria filhos e filhas de santo do Terreiro Salinas, que se reuniram para refletir sobre os desafios enfrentados pelas comunidades tradicionais diante do avanço dos fundamentalismos religiosos.
Em 2022, o Terreiro Salinas enfrentou um episódio brutal de racismo religioso, sendo alvo de um incêndio criminoso que abalou profundamente a comunidade. Desde então, seus membros têm se dedicado não apenas à reconstrução física do espaço, mas também ao fortalecimento político e espiritual, buscando enfrentar as violências estruturais e simbólicas que sofrem. A exibição do documentário no próprio Terreiro Salinas representou um marco significativo nesse processo: além de fortalecer os laços comunitários, promoveu um diálogo profundo sobre a importância de resistir às opressões religiosas e culturais que ainda persistem em nossa sociedade.
Retornar o filme às comunidades que o inspiraram é mais do que um gesto simbólico; é uma forma de valorização das narrativas potentes das nossas parcerias. Nesse processo, amplia-se amplia o debate político sobre os fundamentalismos religiosos que continuam a ameaçar a diversidade e a liberdade religiosa. É urgente que essa discussão ganhe visibilidade e ecoe em diferentes esferas da sociedade, promovendo políticas públicas, práticas autônomas e ações educativas que combatam o racismo religioso.